segunda-feira, 24 de novembro de 2014

GREVE NO SERVIÇO PÚBLICO


Enquanto sindicatos de servidores preocupam-se na oposição sistemática aos governos utilizando a categoria como massa de manobra, os ataques aos trabalhadores no serviço público avançam no Congresso Nacional. Não bastassem os jargões desbotados destes sindicalisas de carreira tais como: "a maior greve da história", "servidor na rua Prefeito/Governador a culpa é sua", a falta de discussão política na base desses trabalhadores acabará por comprometer toda uma história de lutas e conquistas dos servidores ao longo dos últimos anos. Dirigentes vitalícios, resultados saláriais pífios e a curva do movimento na direção da oposição política comprometem a autonomia dos sindicatos.

A comissão mista de Consolidação das Leis e Regulamentação da Constituição no Senado (leia mais) aprovou relatório do senador Romero Jucá (PMDB-RR), que visa regulamentar o direito de greve dos servidores públicos. O projeto é de autoria do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).

Em vez de uma regulamentação, a proposta mutila o direito à greve dos servidores. A revista "Exame" traduz o relatório como "brando" (leia aqui).

O texto determina: "os serviços considerados essenciais terão que manter 60% do quadro trabalhando"; "os demais servidores" serão "obrigados a impedir 40% a aderir à greve, independente de não serem serviços essenciais"; "a comunicação da deflagração de greve deve ser feita com 10 dias de antecedência (atualmente são 72h)" (leia aqui). O relatório cria a suspensão do pagamento da remuneração correspondente aos dias não trabalhados, como "efeito imediato da greve", em seu art. 13.

Do Poder Público, nada é exigido. Data-base deixa de existir.

O relatório separa as relações de trabalho entre servidores e governos daquelas do setor privado.

Usam o atendimento à população como desculpa para descaracterizar a concepção de Estado.

Quem, senão o servidor público, melhor pode zelar pelo atendimento prestado à população e denunciar as mazelas que ocorrem nas instituições do Estado? Os conglomerados da mídia? Estes gostam de se auto-representar como guardiões da coisa pública. Piada de mau gosto, pois se apropriam do erário via publicidade e, muito pior, defendem a rapinagem empresarial do mesmo. Com isso, contribuem para reduzir os recursos destinados à satisfação das necessidades públicas.
Atacar o direito à greve dos servidores, não demonstra interesse na melhorias dos serviços públicos prestados à sociedade. O momento que se aproxima exigirá dos servidores, ou melhor dos seus sindicatos muito trabalho afim de evitar a aprovação deste temeroso projeto no Congresso Nacional. O direito à greve – conquista histórica dos servidores – é uma alternativa sim de denúncia das mazelas espalhadas pelo Poder Público em todo o país. Em todas as esferas.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

O BRASIL NÃO SERÁ MAIS O MESMO


POR RICARDO SEMLER

Nunca se roubou tão pouco

Não sendo petista, e sim tucano, sinto-me à vontade para constatar que essa onda de prisões de executivos é um passo histórico para este país
Nossa empresa deixou de vender equipamentos para a Petrobras nos anos 70. Era impossível vender diretamente sem propina. Tentamos de novo nos anos 80, 90 e até recentemente. Em 40 anos de persistentes tentativas, nada feito.
Não há no mundo dos negócios quem não saiba disso. Nem qualquer um dos 86 mil honrados funcionários que nada ganham com a bandalheira da cúpula.
Os porcentuais caíram, foi só isso que mudou. Até em Paris sabia-se dos “cochons des dix pour cent”, os porquinhos que cobravam 10% por fora sobre a totalidade de importação de barris de petróleo em décadas passadas.
Agora tem gente fazendo passeata pela volta dos militares ao poder e uma elite escandalizada com os desvios na Petrobras. Santa hipocrisia. Onde estavam os envergonhados do país nas décadas em que houve evasão de R$ 1 trilhão –cem vezes mais do que o caso Petrobras– pelos empresários?
Virou moda fugir disso tudo para Miami, mas é justamente a turma de Miami que compra lá com dinheiro sonegado daqui. Que fingimento é esse?
Vejo as pessoas vociferarem contra os nordestinos que garantiram a vitória da presidente Dilma Rousseff. Garantir renda para quem sempre foi preterido no desenvolvimento deveria ser motivo de princípio e de orgulho para um bom brasileiro. Tanto faz o partido.
Não sendo petista, e sim tucano, com ficha orgulhosamente assinada por Franco Montoro, Mário Covas, José Serra e FHC, sinto-me à vontade para constatar que essa onda de prisões de executivos é um passo histórico para este país.
É ingênuo quem acha que poderia ter acontecido com qualquer presidente. Com bandalheiras vastamente maiores, nunca a Polícia Federal teria tido autonomia para prender corruptos cujos tentáculos levam ao próprio governo.
Votei pelo fim de um longo ciclo do PT, porque Dilma e o partido dela enfiaram os pés pelas mãos em termos de postura, aceite do sistema corrupto e políticas econômicas.
Mas Dilma agora lidera a todos nós, e preside o país num momento de muito orgulho e esperança. Deixemos de ser hipócritas e reconheçamos que estamos a andar à frente, e velozmente, neste quesito.
A coisa não para na Petrobras. Há dezenas de outras estatais com esqueletos parecidos no armário. É raro ganhar uma concessão ou construir uma estrada sem os tentáculos sórdidos das empresas bandidas.
O que muitos não sabem é que é igualmente difícil vender para muitas montadoras e incontáveis multinacionais sem antes dar propina para o diretor de compras.
É lógico que a defesa desses executivos presos vão entrar novamente com habeas corpus, vários deles serão soltos, mas o susto e o passo à frente está dado. Daqui não se volta atrás como país.
A turma global que monitora a corrupção estima que 0,8% do PIB brasileiro é roubado. Esse número já foi de 3,1%, e estimam ter sido na casa de 5% há poucas décadas. O roubo está caindo, mas como a represa da Cantareira, em São Paulo, está a desnudar o volume barrento.
Boa parte sempre foi gasta com os partidos que se alugam por dinheiro vivo, e votos que são comprados no Congresso há décadas. E são os grandes partidos que os brasileiros reconduzem desde sempre.
Cada um de nós tem um dedão na lama. Afinal, quem de nós não aceitou um pagamento sem recibo para médico, deu uma cervejinha para um guarda ou passou escritura de casa por um valor menor?
Deixemos de cinismo. O antídoto contra esse veneno sistêmico é homeopático. Deixemos instalar o processo de cura, que é do país, e não de um partido.
O lodo desse veneno pode ser diluído, sim, com muita determinação e serenidade, e sem arroubos de vergonha ou repugnância cínicas. Não sejamos o volume morto, não permitamos que o barro triunfe novamente. Ninguém precisa ser alertado, cada de nós sabe o que precisa fazer em vez de resmungar.

RICARDO SEMLER, 55, empresário, é sócio da Semco Partners. Foi professor visitante da Harvard Law School e professor de MBA no MIT – Instituto de Tecnologia de Massachusetts (EUA)

terça-feira, 11 de novembro de 2014

A GASOLINA SUBIU?



Um reajuste de 3% da gasolina nas refinarias é, em matéria de impacto sobre os preços, igual a nada.

As variações de preço entre os postos por razões comerciais são imensamente superiores a isso.

E muito.

Para a Petrobras, significa muito menos do que representa a queda de preços internacionais do petróleo, que acumula uma baixa de perto de 30% em relação aos mais de 100 dólares que custava há quatro meses,

Mesmo com os 15% de valorização do dólar desde então.

E por que o governo sofrerá, então, o desgaste político deste reajuste?

Por dois fatores, essencialmente.

O primeiro, a adesão mental às regras do neoliberalismo, onde preços administrados – com definição direta pelo governo – se assemelhariam a contratos, com reajustes anuais, o que é uma tolice quando se trara de preços atrelados a oscilações cambiais ou sazonais.

Três aumentos de 1% ao longo do ano representariam mais que este, agora.

Segundo, uma incapacidade de mostrar , através da comunicação, que o preço do combustível barateou demais e demonstrar que isso cobra um preço, inclusive em consumo de combustível, pela ampliação do uso do transporte particular e a imobilidade do trânsito.

Em dezembro de 2002 , um litro de gasolina custava R$ 2,25.

Um salário mínimo, portanto, comprava 89 litros de gasolina.

Hoje, um salário mínimo, de R$ 724 reais, levando o preço médio da gasolina a R$ 3, compra 241 litros de gasolina.

Dá para entender porque o trânsito não anda?

Mas a falta de comunicação faz a gasolina estar “cara” e o trânsito engarrafado por culpa do governo.

Quando um governo explica o que faz, o povo entende.

Quando não explica e deixa que a mídia o faça, que não espere ser entendido.

Pagará, então, o preço.

Bem mais caro que o da gasolina, aliás.

OPOSIÇÃO TUCANA RESISTIRÁ AO DIÁLOGO DILMA-ALCKMIN?

Ao se reunir com a presidente Dilma Rousseff nesta segunda-feira (10) para discutir a crise hídrica de São Paulo e pedir recursos para a realização de obras, o governador Geraldo Alckmin demarcou sua posição política bem diversa da do ex-candidato a presidente do seu partido, o senador Aécio Neves, que, na semana passada, ao retornar ao Congresso, pregou uma oposição implacável ao governo da presidente reeleita. Não foi à toa que Alckmin soltou uma forte frase de efeito ao justificar a reunião de hoje: "o palanque acabou".

E disse mais: "Quem foi eleito foi eleito para governar. Oposição se faz no Parlamento. Acabou a eleição, a população quer soluções e soluções concretas para seus problemas. Os recursos devem ir para onde há necessidade. Vejo que há na vida pública duas condições importantes para quem é oposição. Dois deveres: divergir e interagir. Divergir naquilo que entendemos que não é adequado, e interagir, principalmente quem é governo".

A afirmação do governador paulista soou em tom muito mais conciliador do que a de Aécio. Estaria Alckmin inaugurando uma nova forma de oposição?

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

A OPOSIÇÃO DE BENGALA

Por Ricardo Melo

Teve ares de tragicomédia a manifestação de sábado (1º) na avenida Paulista, em São Paulo. Seus objetivos democráticos foram resumidos nas faixas exibidas. "Impugnação ou intervenção militar"; "A maior fraude da história"; "Impeachment já". Hoje transformado em cordeiro devidamente emasculado, um artista exigia aos brados uma recontagem de votos. Que o ato tenha ocorrido na véspera do Dia de Finados compõe uma daquelas coincidências autoexplicativas.

Assiste-se a um espetáculo curioso desde a eleição. É como se Dilma Rousseff não tivesse ganho. Na ausência de votos, setores da oposição parecem levar a sério o mantra de Carlos Lacerda, transformado em estribilho pelas viúvas do golpismo. O político sugestivamente apelidado de corvo dizia mais ou menos isso a adversários: "Não pode ser candidato; se for candidato, não pode se eleger; se for eleito, não pode tomar posse; se tomar posse, não pode governar".

Descontada a falta de originalidade –nada como o passado quatro estrelas–, a coreografia dos derrotados é sugestiva. O pedido de recontagem de votos feito pelo PSDB nem sequer merece comentários. Demonstrassem os tucanos tanta celeridade para investigar seus próprios e verdadeiros esqueletos, certamente o país já estaria melhor.

A outra "novidade" é a articulação para desencavar uma emenda estacionada na Câmara desde 2006 sobre a aposentadoria de ministros do Supremo Tribunal Federal, a "PEC da bengala". Pela regra atual, a idade limite para o cargo é de 70 anos. Feitas as contas, de repente, não mais que de repente (com oito anos de atraso!), a oposição "descobriu" que o governo Dilma terá a chance de nomear cinco novos ministros da corte.

Ponha-se de lado a acusação implícita de que o Planalto pretende domesticar o Judiciário. Isso seria baixaria, e a turma fraca de urna é incapaz de crítica tão vil... Esqueça-se também que o Supremo protagonizou no dito mensalão episódios de envergonhar figuras como Sobral Pinto e mesmo Tancredo Neves, caso ainda vivos. Detalhe: vários ministros indicados pelo próprio governo petista endossaram condenações de réus na AP 470.

Fica evidente a vontade de fatias oposicionistas de achar qualquer atalho para concretizar o rito lacerdista. Sorte que vivemos outra conjuntura, o povo não é bobo e falta aos candidatos a golpista alguém com a esperteza de um Lacerda. Por mais que tente ocupar espaço parecido e vender gato por lebre, Aécio Neves sai como um dos grandes perdedores. Derrotado em seus dois estados do coração –Minas Gerais e Rio, não necessariamente nesta ordem– e humilhado mesmo em Pernambuco de Eduardo Campos, foi salvo de um vexame maior, olha só, pelo volume morto de Alckmin. Num partido de caciques emplumados, é fácil enxergar quem triunfou na oposição.

Em benefício da dúvida, recomenda-se esperar a poeira baixar antes de prognósticos definitivos. O novo mandato de Dilma Rousseff promete uma luta ainda mais renhida pelo poder. A seu favor, o PT tem a vitória indiscutível nas urnas e uma série de realizações no campo social. Contra o partido, há as dificuldades econômicas reconhecidas por todos, um Congresso sempre cheio de surpresas e fraturas internas que cobram uma dedetização profunda baseada na Justiça. Nada impossível de superar, bem entendido. Desde que a luz do dia ilumine as sombras de negociatas com as elites de plantão.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

AJUSTES À VISTA

TRINCA DE PESO

Jogo vira a favor da presidente; com três cartas sobre a mesa, Dilma Rousseff barrou as apostas contra; investidores mandam sinais de aprovação tanto para Luiz Carlos Trabuco, Nelson Barbosa e Henrique Meirelles; presidente do Bradesco, ex-secretário-executivo da Fazenda e ex-presidente do BC são craques no jogo do mercado financeiro; eles conhecem atalhos para atrair investimentos, gostam de controlar despesas e tem vocação para o crescimento.

Ministro da Fazenda Guido Mantega disse no dia 19 de outubro que quem apostasse em uma alta do dólar após a reeleição da presidente Dilma Rousseff iria "quebrar a cara"; após abrir a segunda-feira em R$ 2,56, o dólar futuro voltou a R$ 2,40 nesta quinta (30); o consenso era de que uma reeleição da petista iria derrubar a Bolsa e disparar o dólar, com projeções que apontavam para a moeda em R$ 2,70; até agora, Mantega estava certo.

ENGAVETADOR DA CORRUPÇÃO TUCANA É PROCESSADO

Procurador Rodrigo de Grandis manteve engavetado por quase três anos um pedido de investigação da Suíça que envolve pagamento de propina da Alstom e outras empresas a políticos do PSDB; solicitação envolvia buscas na casa de João Roberto Zaniboni, que foi diretor da estatal CPTM entre 1999 e 2003, nos governos do PSDB de Mário Covas e Geraldo Alckmin; ele é alvo de processo disciplinar do Conselho Nacional do Ministério Público, por violar deveres de "cumprir os prazos processuais" e "desempenhar com zelo e probidade as suas funções".

PSDB APELA E QUER RECONTAGEM DOS VOTOS

Partido do candidato derrotado Aécio Neves entrou nesta quinta (30) no Tribunal Superior Eleitoral com um pedido de "auditoria especial" no resultado das eleições; ação, assinada pelo deputado Carlos Sampaio (SP), pede que seja autorizada a criação de uma comissão formada por técnicos indicados pelos partidos políticos para a fiscalização dos sistemas de todo o processo eleitoral; "Nas redes sociais os cidadãos brasileiros vêm expressando, de forma clara e objetiva, a descrença quanto à confiabilidade da apuração dos votos e a infalibilidade da urna eletrônica, baseando-se em denúncias das mais variadas ordens", diz o documento tucano; Dilma Rousseff venceu o pleito do último domingo com 51,64% dos votos contra 48,36% de Aécio; tapetão vai prosperar?


quarta-feira, 29 de outubro de 2014

BOVESPA JÁ OPERA EM ALTA


Depois de sete quedas em nove pregões e de cair mais de 9% em uma semana, a Bolsa recuperou uma parte das perdas nesta terça-feira (28) com correção e espera por indicação de novo ministro da Fazenda. Índice fechou com alta de 3,62%, a 52.330 pontos, enquanto o dólar caía 1,9%, a R$ 2,47. O volume negociado na Bovespa foi de R$ 9,371 bilhões; Petrobras teve ganhos de quase 5%.
 
GOVERNO NOVO, EQUIPE NOVA
A presidenta foi correta em dizer que o país não saiu dividido das eleições. Ela convoca o Brasil para pensar "prafrentemente" partindo do retrato do presente: um país com inflação controlada, crescimento capaz de assegurar empregos e salários, mercado consumidor de massas, player da Nova Ordem Mundial e que experimentou uma mobilidade social ímpar em sua história.
Não estamos mais em 2003, mas em 2014, com avanços enormes e intensa luta política neste interregno. Logo, quando se fala em "um ministério com a cara da sociedade" é importante se ter consciência de que qualquer fórmula de governabilidade e governança deve ser capaz de criar condições para a realização do discurso da presidenta.
O desafio reside na aliança com as forças sociais e econômicas dispostas a seguirem o rumo consagrado no último dia 26.
2018
Em vídeo postado na noite desta terça-feira, o ex-presidente Lula agradeceu o apoio do povo e disse que os eleitores deram uma lição ao País. “Eu acho que o povo brasileiro, com todas as divergências, com todos os seus votos diferenciados, deu uma lição de política nos políticos".
Segundo ele, o Brasil melhorou muito com programas sociais como o Bolsa-Família: "A miséria absoluta acabou, as pessoas ganharam cidadania e quem mais ganhou com isso? Ganhou a classe média, ganharam as empresas".
Lula também fez também um manifesto contra o ódio e o preconceito: "Mais generosidade e menos preconceito vai fazer um bem imenso ao País"; "Faço um convite a você que tem preconceito: abra seu coração, abra sua alma e dê uma chance a quem tem menos".
Desde a vitória da presidente Dilma Rousseff neste domingo, ele já não esconde mais seu desejo de voltar ao poder em 2018. A ideia foi publicamente defendida pelo presidente do PT, Rui Falcão, e pelo ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

É TETRA

                                           Foto:Sugestão do amigo navegante Leonardo Templário, no Facebook do C Af
O Falando Sério reproduz artigo do Blog do Dirceu:

Parabéns ao país e para a nossa militância. Vencemos graças a ela. Esta 4ª vitória nacional consecutiva do PT e da aliança que apoiou a presidenta Dilma Rousseff à reeleição não pode e não deve ser vista como divisão do pais ou um risco de radicalização de nossa vida política. Trata se de uma tentativa primária de deslegitimar a vitória do PT, um típico recurso dos derrotados. Com o agravante que uma vitória do candidato do PSDB-DEM, senador Aécio Neves (PSDB-MG) nas mesmas circunstâncias teria a mesma leitura já que seria por alguns milhões de votos de vantagem também.

O país não está dividido. Tem dois grandes partidos, PT e PSDB, que polarizam a vida política há 20 anos como em todas democracias. Basta ver os exemplos dos Estados Unidos (partidos Democrata e Republicano), Grã Bretanha (Conservador e Trabalhista), Alemanha (Partido Social Democrata-SPD e a União da Democrata Cristã (CDU), ou Espanha (PSOE e PP) e Portugal (PS e PSD).

Lá, em cada um desses países, para ficar nos mencionados, são projetos e programas que têm apoio de amplos setores e classes sociais no país com interesses contraditórios e às vezes antagônicos, que podem ou não se compor em determinadas circunstâncias (caso mais comum na Alemanha) e frente a desafios políticos sociais e econômicos, mas não são iguais e não defendem nem os mesmos interesses e nem os mesmos programas. E essa é a percepção que a própria sociedade e seu povo têm.

No Brasil o PSDB é um partido da elite, identificado por exemplo com o sistema bancário. Já o PT é um partidos dos pobres, dos trabalhadores, identificado desde sempre, desde o seu nascimento há mais de 30 anos, com o presidente Lula e sua história.

PSDB quer por fim à reeleição por puro oportunismo

A radicalização da vida política do país nessa eleição se deve ao fato que uma vitória, como aconteceu, da presidenta Dilma abre a possibilidade real de o ex-presidente Lula ser eleito presidente em 2018 e reeleito em 2022. Daí a conversão oportunista do PSDB à proposta de por fim à reeleição por ele mesmo instituída no país sob graves suspeitas de compra de votos.

A tentativa de derrotar o PT e a presidenta Dilma a qualquer preço tem seu exemplo maior na revista Veja e no boato sobre um suposto e falso assassinato de um dos delatores da operação Lava Jato, Alberto Yousseff, uma tentativa desesperada e não inédita de interferência indevida e ilegal no processo eleitoral.

Dai o direito de resposta dado ao PT pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), agravada depois com a 2ª tentativa de transformar um ato de protesto contra a revista (na 6ª à noite) – condenado pelos presidentes Dilma e Lula – em atentado à liberdade de expressão e de imprensa, na tentativa vã de atenuar o atentado à democracia e à própria liberdade de imprensa que a revista praticou e pratica.

O fato concreto é que praticamente toda a mídia apoiou Aécio e militou pela derrota do PT, dos presidentes Lula e Dilma. Alguns assumiram em editoriais – caso do Estadão, ontem e quase diariamente – outros não, criando um desequilíbrio na disputa apenas atenuado com o horário eleitoral e com nossa atuação nas redes.

Veja é que atentou contra a liberdade de expressão e de imprensa

Não fosse o legado dos 8 anos do presidente Lula e a continuidade que a presidenta Dilma deu ao nosso projeto para o país com novas iniciativas como os programas Mais Médicos, PRONATEC e Minha Casa Minha Vida, o poder da mídia nos teria derrotado e entregue de bandeja o governo de volta aos tucanos.

Não fosse esse legado e sua continuidade, não fosse a presidenta Dilma e sua recusa a aceitar as receitas ortodoxas no interesse do capital financeiro, não fosse a proteção dada por ela ao emprego e ao salário, às conquistas trabalhistas e sociais dos trabalhadores e da classe média, e não fosse o engajamento de nossa militância e de milhões de brasileiros que vestiram e apoiaram a candidatura de Dilma, não teríamos vencido ontem.

Assim não se trata de unir o país ou evitar a polarização. A tarefa principal agora é viabilizar o diálogo nacional, como enfatizou nossa presidenta em seu discurso da vitória na noite de ontem, para buscar campos de consenso e acordo para realizar as mudanças e reformas que o país demanda, dentro do programa aprovado pela maioria dos brasileiros que a elegeram.

Com esse discurso, oposição tenta deslegitimar vitória

Só assim, e este é realmente o caminho para evitar que predomine o discurso da oposição, da deslegitimação da vitória da presidenta Dilma, ou da radicalização contra seu governo e se estará criando pontes e abrindo caminhos para, por exemplo, fazer as reformas política e a tributaria.

O problema não é, portanto, votar em Aécio ou Dilma, optar por um outro partido ou programa, o problema é não aceitar a derrota ou a vitória de um e outro. É problema é querer romper com as regras democráticas, sabotar o governo e paralisar o Congresso Nacional, buscando descaminhos para inviabilizar a gestão do país.

A saída é o governo e nós fazermos uma leitura correta do recado das urnas e buscarmos compor uma maioria no pais, na sociedade e no Congresso para fazer avançar as reformas e mudanças reclamadas pelo país.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

EU JÁ SABIA



“O resultado deste pleito está praticamente definido e a reeleição da presidenta Dilma Rousseff é fato consumado.”

Esta frase resgato do último post publicado neste blog na última sexta-feira, 24/10 às 08:30h.

O povo brasileiro escolheu Dilma Rousseff presidenta! Venceu Dilma, venceu o Brasil, venceram os brasileiros e as brasileiras. Venceu a democracia que, apesar da disputa tensa, acirrada e agressiva - com boatos, denúncias de fraude nas urnas e tentativa de golpe -, saiu fortalecida e não sofreu qualquer abalo em seus alicerces. A vitória de Dilma é a vitória dos progressistas, é um sonoro "não" ao retrocesso.

RESULTADO FINAL POR REGIÕES
REGIÃO
DILMA
AÉCIO
NORTE
               4.393.301
               3.376.148
NORDESTE
             20.181.579
               7.967.846
CENTRO-OESTE
               3.254.304
               4.388.594
SUDESTE
             19.857.894
             25.470.265
SUL
               6.759.908
               9.686.559
EXT/TRANSITO
                    54.132
                  151.743
T O T A I S
             54.501.118
             51.041.155
Raras vezes, na história da humanidade, um país se deixou cegar tanto pelo ódio político, pela intolerância e pela mentira, sendo tão vilipendiado por sua própria elite. Agora, que as eleições acabaram, relembre: o Brasil é exemplo global no combate à fome, tem a menor taxa de desemprego de sua história, uma nova classe média pujante, que adensa um dos maiores mercados de consumo de massa do mundo, e uma presidente revigorada pela vitória nas urnas; além disso, está prestes a se tornar um dos grandes produtores globais de petróleo, não há descontrole inflacionário e os ajustes necessários na economia são bem menos severos do que se apregoa; por último, mas não menos importante, o Brasil NÃO é bolivariano!

Lamentável mesmo foi a postura de vários brasileiros nas redes sociais incitando o ódio e proferindo ofensas contra os nordestinos. Além de falta de respeito e de caráter esses brasileiros parecem que esqueceram do tempo em que não existia democracia neste país. Nem eleição direta pra presidente. Por acaso lembram ou leram sobre o movimento Diretas Já do início da década de 80?
O que mais impressiona é que erroneamente culpam as regiões Norte e Nordeste pela não eleição do seu queridinho cheirador.

O candidato tucano perdeu em Minas Gerais (onde governou) e no Rio de Janeiro (onde mora) com uma diferença acima da média nacional.

Em qualquer eleição de 2º. Turno, vence o candidato que obtiver, sem meias palavras, mais votos que o oponente. E foi exatamente isso que aconteceu ontem. 54.501.118 eleitores votaram Dilma e 51.041.155, Aécio.

Vamos então identificar de onde vieram os 54,5 milhões de votos da Presidenta reeleita Dilma Rousseff?

DILMA CENTRO-OESTE/SUDESTE/SUL x NORTE/NORDESTE                   

CENTRO-OESTE SUDESTE       SUL
             29.872.106
54,81%
NORTE        NORDESTE
             24.574.880
45,09%
EXT/TRANSITO
                    54.132
0,10%
BRASIL
             54.501.118
100,00%

A maioria dos eleitores de Dilma Rousseff e do PT estão nas regiões Centro-Oeste/Sudeste/Sul (54,81%) e não no Norte e Nordeste (45,09%).

Foram computados no nordeste 28.149.425 votos válidos. Ora, se 100% desses votos fossem dados à Dilma Roussef, ainda assim seriam menos votos do que ela recebeu nas demais regiões do país.

Esta foi uma vitoria da luta contra o ódio. Contra o fascismo de alguns. Contra as idéias nazistas de outros. Esta foi uma vitoria de um “Brasil para todos”, de um Brasil que rejeita sua divisão. Avante Brasil.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

O OTIMISMO VENCERÁ O PESSIMISMO


A guinada da presidente Dilma Rousseff, que abriu nesta quinta-feira seis pontos de vantagem sobre o tucano Aécio Neves, consolida um cenário onde a candidata à reeleição avançou em todas as classes sociais.
Na primeira pesquisa realizada após o primeiro turno, Aécio alcançava 74% entre os integrantes da classe alta e 67% entre os da média alta. Hoje, essas taxas correspondem a 64% e 58%, respectivamente.
Além disso, dizem que agora percebe-se que em comparação com o levantamento de duas semanas atrás, o tucano perdeu oito pontos no Rio e seis em São Paulo.
O resultado deste pleito está praticamente definido e a reeleição da presidenta Dilma Rousseff é fato consumado.
NÃO DESISTE NUNCA
A menos de 72 horas das eleições presidenciais, a revista Veja publica uma capa que poderá entrar para a história do jornalismo como um dos mais sórdidos atentados contra a democracia já vistos no País. A reportagem destaca suposto trecho da delação premiada do doleiro Alberto Youssef, em que ele afirmaria que tanto a presidente Dilma Rousseff como seu antecessor Luiz Inácio Lula da Silva "sabiam de tudo" que ocorria na Petrobras.
Que Veja é e sempre foi tucana, isso jamais foi mistério. Mas não se esperava de uma publicação por onde já passaram nomes honrados do jornalismo brasileiro uma tentativa tão torpe de se sobrepor à soberania popular e golpear a democracia. Baixaria sem limites.
O DIA SEGUINTE
A sociedade brasileira já sabe que quem irá governá-la pelos próximos quatro anos:a presidenta Dilma Rousseff.  Com o anúncio oficial do resultado, o trabalho essencial no dia seguinte será de diálogo e de reconstrução de pontes. Para um país de centro, e de natureza conciliadora, como é o Brasil, foi espantosa a radicalização que se viu nessa disputa. Agressões nas ruas, insultos no meio artístico, ofensas nas redes sociais e até divisões familiares. Para quê? Para nada, como diria o poeta pernambucano Ascenso Ferreira.
A sucessão de escândalos, tanto tucanos quanto petistas, é fruto de uma democracia que ainda não se libertou do poder do dinheiro e não encontrou mecanismos adequados de financiamento.
A grande tarefa da futura presidenta será sem dúvida a reforma política. Até porque, na economia, ao contrário do que apregoou no período eleitoral, os ajustes são bem mais simples do que parecem. O Brasil opera hoje em pleno emprego, fechará o ano com a inflação na meta, ainda que no teto, e possui um caminhão de reservas internacionais. Ou seja: há uma herança benigna.
O grande risco que nos cerca é o de os derrotados não aceitarem os resultados das urnas e lutarem por um "terceiro turno". A radicalização, numa sociedade pacífica, mas momentaneamente conflagrada, poderá causar danos irreversíveis a um país que é democrático e nada tem de "bolivariano".

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

ARMÍNIO NauFRAGA

Hoje quero fazer uma reflexão sobre a visão de economia que fazem os candidatos à Presidência da República.
 
Não há como negar as conquistas realizadas por Lula e Dilma no período, principalmente no aspecto da empregabilidade no Brasil.
 
“Nessa eleição, está em jogo o futuro do nosso país. Sabemos quem, no passado, bateu recordes de desemprego: o Governo FHC. Em 2002, com FHC, eram 11 milhões de desempregados no Brasil”, declarou a candidata à reeleição.
 
Dilma sabe que o fracasso do governo tucano no passado amedronta o trabalhador brasileiro que hoje tem emprego, oportunidades e faz projetos para o futuro. Seu e de sua família. Por isso mesmo explora a “nomeação” antecipada de um dos responsáveis pela economia da época, Armínio NauFraga. Mais um tiro no pé do candidato tucano.
 
Não fosse a declaração acima (foto) a respeito do salário mínimo, Armínio NauFraga também afirmou, em outra ocasião não saber “o que vai sobrar” dos três principais bancos públicos do nosso país: BB, CEF e BNDES. Em entrevista concedida a órgãos de imprensa o Ministro da Fazenda de Aécio admitiu como remédio “a redução da participação dos bancos públicos nas políticas de inclusão social”.
 
Passada a euforia da ida ao segundo turno a campanha do pessimismo vem perdendo gradativamente sua força. Abrindo espaço para o otimismo e para a continuidade das mudanças estruturais que o brasileiro passou a experimentar após a eleição de Lula.
 
O que está bom vai continuar. O que não está precisa melhorar.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

A EDUCAÇÃO DE AÉCIO

Por Vladimir Safatle



Quem realmente se importa com a educação nacional não pode decidir seu voto sem antes refletir sobre alguns dados a respeito de nossas universidades. Queiram seus protagonistas ou não, esta é uma eleição de retrovisor. Não só o governo apoia-se principalmente naquilo que já fez, usando o discurso da perda possível do que foi conquistado como motor de mobilização. A oposição também se apresenta com basicamente os mesmos personagens vindos do finado governo FHC.

Desde o responsável pelo programa econômico até a responsável pelo programa de educação, todos, a começar pelo próprio Aécio Neves, estiveram organicamente ligados aos oito anos de governo FHC. Não houve autocrítica alguma nem renovação ou reposicionamento a partir dos fracassos passados. Por isso, impossível não esperar a reedição do que o país já viu nos anos 90.

Vale a pena insistir neste ponto porque o legado educacional desses anos foi lamentável. Durante oito anos, o país não inaugurou nenhuma (há de se sublinhar, nenhuma) nova universidade federal. Ao contrário, quando o sr. Paulo Renato entregou seu cargo de Ministro da Educação, o país conhecera oito anos sem concursos públicos para professores universitários, deixando um déficit de 7.000 professores no sistema nacional.

Apenas a título de exemplo, a UFRJ, uma das mais importantes universidades do país, diminuiu (sim, diminuiu) em 10%, sendo obrigada, entre outras coisas, a fechar cursos noturnos por não ter dinheiro para pagar a conta de luz (não, isso não é uma metáfora). Bem, depois de 2002, 18 novas universidades federais foram inauguradas.

Como se não bastasse esse legado, seu partido, no governo do Estado de São Paulo há mais de duas décadas, é atualmente responsável direto pela situação falimentar das universidades paulistas. Afinal, é o governador do Estado que indica os reitores, muitas vezes contra as escolhas da maioria da comunidade acadêmica, como foi com o polêmico senhor João Grandino Rodas. Nestes anos de Tucanistão, o Estado paulista impôs um ritmo de crescimento às universidades desprovido de dotação orçamentária para tanto. O resultado é a crise que aí está.

Agora, se isso não basta, façam uma pesquisa e perguntem qual é a situação da Universidade Estadual de Minas Gerais, esta sim sob a responsabilidade direta do senhor Aécio e seu grupo. Suas condições deterioradas de trabalho, com seus professores "designados" e sua infraestrutura precária, são conhecidas no meio acadêmico e motivos de greves periódicas.

Com toda esta história e este presente, há de se perguntar: é essa "renovação" que o país precisa?

terça-feira, 21 de outubro de 2014

PESQUISAS REVELAM TENDÊNCIAS

Os números de Dilma e do adversário tucano da vez estão extremamente próximos dos da eleição de 2010, entre ela e Serra.

Em 31 de outubro de 2010 Dilma Rousseff obteve 55.752.529 votos, ou 56,05% dos votos válidos; José Serra obteve 43.711.388 votos, ou 43,95% dos votos válidos.
Amanhecemos repercutindo as recém-divulgadas pesquisas CNT/MDA, Datafolha ou Vox Populi. Todas mostram trajetória ascendente de Dilma. Continuará esse movimento de subida?

A tendência é a de que continue. A virada é muito consistente. Mostra uma onda (modesta) como a de 2010, na reta final do segundo turno.
Assim como em 2010, na virada para o segundo turno houve desânimo petista e euforia tucana. Mas no segundo turno, com apenas duas opções, o país resiste a trocar o certo pelo duvidoso.

Agora, o mais importante da reflexão: pela margem de erro do Datafolha, por exemplo, Dilma tem entre 54% e 50% dos votos válidos e Aécio, entre 46% e 50%.
No topo da margem de erro, Dilma está a 2 pontos percentuais de repetir a votação de 2010. Teria hoje 54% contra 46% de Aécio.

Se estiver ocorrendo um movimento de ascensão da campanha petista, ganhar mais dois pontos será moleza.
Até porque, os 6% de indecisos que restam pertencem às camadas mais pobres da sociedade, que tendem sempre a votar no PT.

Claro que é cedo para comemorar, pois a vantagem de Dilma é numérica e percentualmente pequena. Todavia, a virada soa razoavelmente clara.
A esta altura, denota que cada vez mais gente vai refletindo que o risco de trocar tudo o que tem hoje pelas promessas vagas de Aécio é um risco que não vale a pena correr.

Temos que entender que ninguém está penando hoje no Brasil. Muito pelo contrário. Salários continuam subindo, desemprego continua caindo, inflação está controlada e o crescimento começa a ser retomado.
E Aécio, o que promete? Garantiu que, se eleito, não haverá piora da situação das pessoas? Não garantiu. Pelo contrário, falou em “medidas impopulares”.

Dilma, não. Garantiu que, com ela, não haverá arrocho salarial, choque fiscal, monetário ou aumento do desemprego. É o que as pessoas querem ouvir
E convenhamos: se a conta de Luz, que caiu quase 30%, vier a subir 10%, 20%, não chegaá a ser uma catástrofe.

E a gasolina não sobe faz muito tempo. O brasileiro gasta menos com combustível hoje do que há um ano. Um reajuste, dadas as condições atuais das pessoas, não assusta ninguém.
Veja a ironia, leitor: tanto trabalho que a direita teve com protestos, terrorismo econômico, bombardeio midiático sobre corrupção e pode conseguir, apenas, o mesmo que há 4 anos.

Como diria Shakespeare, “muito barulho por nada”

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

O DEBATE

Vou ser bem direto e pouquíssimo passional na análise do debate de ontem na Record.

Não mexe em nada com mais de 80% dos eleitores que, a esta altura, têm seu voto decidido para o próximo domingo.

A esta altura, exceto por revelações bombásticas, o clima é mais importante que os argumentos.

Como nada do que foi dito na Record foi bombástico, também não são bombásticos os efeitos do debate.

O que não quer dizer que são ou serão pequenos.

Dilma se moderou nas citações numéricas e estatísticas e produziu, de novo, fatos concretos.

Sobretudo na questão da segurança.

Os argumentos de Aécio se desmontam com os números e é provável que a própria mídia os tenha de repercurtir.

Mas, insisto, isso não é o essencial.

O essencial é que as pessoas possam se sentir seguras com Dilma, e sentir-lhe a segurança.

A eleição está dividida e como em toda a situação dividida, a confiança que se percebe e se transmite é decisiva.

Aécio pareceu-me bem menos seguro e a muitos deve ter dado também esta sensação.

Claro que não aos áulicos, mas os áulicos servem para bater palmas no estúdio, não mais que isso.

O fato é que a insegurança mudou de lado, em duas semanas.

Depois do desempenho ”surpreendente” de Aécio no primeiro turno (embora muitos já estivéssemos afirmando muito antes que ele e não Marina iria ao segundo turno) e do apoio que o tucano recebeu de praticamente todas as candidaturas, exceto a de Luciana Genro, a pergunta já não é mais se Dilma terá condições de resistir-lhe.

Mas se ele terá condições de ultrapassá-la.

Porque, mais que o resultado que se publica, a gente percebe no comportamento dos candidatos quando ele sabe está atrás ou à frente nas intenções de voto, porque tem dados muito mais precisos e confiáveis do que nós.

Aécio já não era o “desafiador”.

Mas o desafiante.

E nisso, ele foi xoxo.

Não poderia, como ocorreu, ter recebido “explicações” da candidata sobre o que significavam as coisas sobre as quais falava, como os bancos públicos, por exemplo.

Nada pior do que se mostrar despreparado. O que, apesar da oratória limitada, Dilma não se mostra.

Ele, muito mais do que ela, precisaria ter exibido solidez, porque depende de um “clima”.

E não exibiu justamente porque tem pouca solidez.

O debate do SBT, como o da Band, teve o tom certo para mobilizar apoiadores.

Aécio vinha de seu momento e, pelo visto, não conseguiu capitalizar o favoritismo com que emergiu das urnas do primeiro turno, quando poderia ter abatido a estabilidade que, há meses, a candidatura Dilma apresentava, justamente por ter esta solidez.

Seria uma nova “onda” e a “onda” foi quebrada com o confronto.

Já o da Record mirou os eleitores, não para os militantes.

E, para eles, Dilma acertou o tom.

Recuperou a segurança, a firmeza, a imagem tranquila.

A de favorita.

PARA REFLETIR