quinta-feira, 7 de maio de 2015

PANELAÇO

Por Eduardo Guimarães, do Blog Cidadania.

É incrível como, no Brasil, basta rico soltar um peido que o país para.

Na noite da última terça-feira, um bando de moradores de bairros “nobres” de algumas capitais combinou pela internet de fazer um “panelaço” durante o programa partidário do PT, garantido ao partido e aos seus simpatizantes, militantes e eleitores pela Carta Magna. Esse protesto, impossível de quantificar, foi parar no Jornal Nacional.

Segundo o insuspeito Estadão, em São Paulo as panelas soaram em “bairros nobres, como Higienópolis, Jardins, Perdizes, Bela Vista, Tatuapé, Vila Romana, Ipiranga, Morumbi, Pinheiros, Praça da Árvore, Vila Mariana, Pompéia e Itaim Bibi.
Confira, aqui, a lista de bairros da capital paulista, segundo a igualmente insuspeita revista Veja. São centenas. Eu não contei. Mas olhe o link, depois, e diga se precisa…

Por aí dá para se ter uma ideia de quão poucos cidadãos – que mal sabem onde fica a cozinha de seus imensos apartamentos – fizeram essa manifestação de egoísmo contra um partido cuja obra social marcou tanto este país que o mesmo partido já elegeu QUATRO presidentes da República em sequência.

No Rio, os “panelaços” também se reduziram a bairros “nobres” da Zona Sul, como Copacabana, Leme, Lagoa, Ipanema e Botafogo. Já em bairros populares da Zona Norte, como o Grajaú, algum desavisado que aderiu às manifestações da elite ouviu de volta gritos em favor de Lula – sempre segundo o Estadão.

Lula não se elegeu em 2002, reelegeu-se em 2006, elegeu a sucessora em 2010 e esta reelegeu-se em 2014 à toa. Sim, claro que Dilma Rousseff perdeu popularidade, mas esse fenômeno decorre do medo do terrorismo econômico – que conseguiu prejudicar a economia – e, tão logo a economia entre nos eixos, as coisas irão mudar.

A menos que a sabotagem continue e alcance seu objetivo, claro. Mas sabotar a economia é um jogo que a elite pode jogar por um tempo, mas que não irá jogar mais quando a água começar a lhe bater na bunda.

O mesmo aconteceu em outras capitais, segundo o Estadão. Em Florianópolis e Porto Alegre o jornal também relata que o “panelaço” ficou mesmo lá nos bairros de rico.

Por que rico protesta contra o PT? Não é por medo do terrorismo econômico. Eles sabem que não estão perdendo nada. O problema dessa gente é aturar pobre em aeroporto, shoppings, universidades e até, ousadia das ousadias, em restaurantes e casas noturnas da moda.

Precisa ser cego e surdo para dizer que não sabe quanto as pessoas mais pobres melhoraram de vida desde 2003. As lojas estão cheias de pobres comprando celulares, televisões de última geração; o desemprego, mesmo tendo subido um pouco, ainda é um dos mais baixos da história; a quantidade de universitários praticamente dobrou nos últimos 12 anos…

Mas boa parte dessas pessoas está com medo. A inabilidade do governo ao promover o ajuste fiscal soou mal e conferiu verossimilhança a uma cantilena sobre desastre econômico que vinha sendo martelada havia anos, mas todos os analistas mais importantes – incluindo aí FMI, Banco Mundial e agências de classificação de risco – preveem melhora a partir do ano que vem.

Então por que os ricos batem panela? Por que atacam um ex-presidente que, segundo o Datafolhanão só melhorou a vida da imensa maioria como também é considerado por essa maioria como o melhor presidente da história?

É oportunismo, caro leitor. O PSDB, freguês do PT há quatro eleições presidenciais seguidas, quer obter lucro eleitoral enquanto pode, por isso estimula um grupelho de endinheirados de bairros “nobres” a servir de massa de manobra. Gente preconceituosa, elitista, que acha que se tirar os benefícios do pobre elegendo um governante pró ricos, vai sair ganhando.

Não vai. Este país está à beira de uma convulsão social há muito tempo. Só ainda não ocorreu de o morro descer para o asfalto para cobrar a nossa descomunal dívida social graças a alguém que essa elite cretina execra. Ele mesmo, Lula.

Se não fosse a distensão social promovida pelos governos do PT a partir de 2003, essa gente que bate panela para tirar direitos e oportunidades de pobre talvez nem estivesse aqui para contar a história, pois se – ou quando – o morro descer, vai cobrar a dívida social à bala.

Essa história de rico bater panela quando pobre melhora de vida, vem de longe. Faz algum tempo, a Folha de São Paulo publicou reportagem muito interessante que mostra que essa forma de protestar foi criada no Chile no estertor do governo Salvador Allende, pouco antes de Pinochet dar o golpe.
O resultado daquilo todo mundo conhece.

Rico escolheu um jeito esdrúxulo de se manifestar politicamente. O ato de bater panelas sugere protesto contra a fome, que foi justamente o que os governos do PT combateram. E que tanto desagradou aos paneleiros.

Quando rico bate panela para defender seus interesses políticos, pobre ou remediado deve abrir o olho. Rico não se manifesta no interesse dos de baixo. Essa classe social tão barulhenta não quer ver mais pobres em aeroportos ou universidades, quer ver menos. Tem ojeriza ao povo.  Não entre no jogo de uma gente que tanto mal já fez ao Brasil.

segunda-feira, 2 de março de 2015

IMPOSTO DE RENDA


VEJA QUEM DEVE ENTREGAR A DECLARAÇÃO:

 As pessoas físicas que receberam rendimentos tributáveis superiores a R$ 26.816,55 em 2014 (ano-base para a declaração do IR deste ano). O valor foi corrigido em 4,5% em relação ao ano anterior, conforme já havia sido acordado pela presidente Dilma Rousseff.

- Os contribuintes que receberam rendimentos isentos, não-tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte, cuja soma tenha sido superior a R$ 40 mil no ano passado.

- Quem obteve, em qualquer mês de 2014, ganho de capital na alienação de bens ou direitos, sujeito à incidência do imposto, ou realizou operações em bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas.

- Quem tiver a posse ou a propriedade, em 31 de dezembro de 2014, de bens ou direitos, inclusive terra nua, de valor total superior a R$ 300 mil, também deve declarar IR neste ano. Este é o mesmo valor que constava no IR 2014 (relativo ao ano-base 2013).

- Contribuintes que passaram à condição de residente no Brasil, em qualquer mês do ano passado, e que nesta condição se encontrassem em 31 de dezembro de 2013.

- Quem optou pela isenção do imposto sobre a renda incidente sobre o ganho de capital auferido na venda de imóveis residenciais, cujo produto da venda seja destinado à aplicação na aquisição de imóveis residenciais localizados no país, no prazo de 180 dias contados da celebração do contrato de venda.

- Quem teve, no ano passado, receita bruta em valor superior a R$ 134.082,75 oriunda de atividade rural. No IR de 2014, relativo ao ano-base 2013, este valor era de R$ 128.308,50.

- Quem pretenda compensar, no ano-calendário de 2014 ou posteriores, prejuízos de anos-calendário anteriores ou do próprio ano-calendário de 2014, informou a Receita Federal.

Se o contribuinte entregar depois do prazo ou se não declarar, caso seja obrigado, poderá ter de pagar multa de 1% ao mês-calendário ou fração de atraso, calculada sobre o total do imposto devido nela calculado, ainda que integralmente pago, ou uma multa mínima de R$ 165,74.

Se você se enquadra em qualquer uma das situações acima, entre em contato com o Blog através do email: gibsonrebello@yahoo.com.br ou fone: 47-9163-2655.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

QUANTO VALE A PETROBRÁS?



Por Mauro Santayana
O adiamento do balanço da Petrobras do terceiro trimestre do ano passado foi um equívoco estratégico da direção da companhia, cada vez mais vulnerável à pressão que vem recebendo de todos os lados, que deveria, desde o início do processo, ter afirmado que só faria a baixa contábil dos eventuais prejuízos com a corrupção, depois que eles tivessem, um a um, sua apuração concluída, com o avanço das investigações.

 A divulgação do balanço há poucos dias, sem números que não deveriam ter sido prometidos, levou a nova queda no preço das ações.

E, naturalmente, a novas reações iradas e estapafúrdias, com mais especulação sobre qual seria o valor — subjetivo, sujeito a flutuação, como o de toda empresa de capital aberto presente em bolsa — da Petrobras, e o aumento dos ataques por parte dos que pretendem aproveitar o que está ocorrendo para destruir a empresa — incluindo hienas de outros países, vide as últimas idiotices do Financial Times – que adorariam estraçalhar e dividir, entre baba e dentes, os eventuais despojos de uma das maiores empresas petrolíferas do mundo.

O que importa mais na Petrobras?

O valor das ações, espremido também por uma campanha que vai muito além da intenção de sanear a empresa e combater eventuais casos de corrupção e que inclui de apelos, nas redes sociais, para que consumidores deixem de abastecer seus carros nos postos BR; à aberta torcida para que “ela quebre, para acabar com o governo”; ou para que seja privatizada, de preferência, com a entrega de seu controle para estrangeiros, para que se possa — como afirmou um internauta — “pagar um real por litro de gasolina, como nos EUA”?

Para quem investe em bolsa, o valor da Petrobras se mede em dólares, ou em reais, pela cotação do momento, e muitos especuladores estão fazendo fortunas, dentro e fora do Brasil, da noite para o dia, com a flutuação dos títulos derivada, também, da campanha antinacional em curso, refletida no clima de “terrorismo” e no desejo de “jogar gasolina na fogueira”, que tomou conta dos espaços mais conservadores — para não dizer golpistas, fascistas, até mesmo por conivência — da internet.

Para os patriotas – e ainda os há, graças a Deus – o que importa mais, na Petrobras, é seu valor intrínseco, simbólico, permanente, e intangível, e o seu papel estratégico para o desenvolvimento e o fortalecimento do Brasil.

Quanto vale a luta, a coragem, a determinação, daqueles que, em nossa geração, foram para as ruas e para a prisão, e apanharam de cassetete e bombas de gás, para exigir a criação de uma empresa nacional voltada para a exploração de uma das maiores riquezas econômicas e estratégicas da época, em um momento em que todos diziam que não havia petróleo no Brasil, e que, se houvesse, não teríamos, atrasados e subdesenvolvidos que “somos”, condições técnicas de explorá-lo?

Quanto vale a formação, ao longo de décadas, de uma equipe de 86.000 funcionários, trabalhadores, técnicos e engenheiros, em um dos segmentos mais complexos da atuação humana?

Quanto vale a luta, o trabalho, a coragem, a determinação daqueles, que, não tendo achado petróleo em grande quantidade em terra, foram buscá-lo no mar, batendo sucessivos recordes de poços mais profundos do planeta; criaram soluções, “know-how”, conhecimento; transformaram a Petrobras na primeira referência no campo da exploração de petróleo a centenas, milhares de metros de profundidade; a dezenas, centenas de quilômetros da costa; e na mais premiada empresa da história da OTC – Offshore Technology Conferences, o “Oscar” tecnológico da exploração de petróleo em alto mar, que se realiza a cada dois anos, na cidade de Houston, no Texas, nos Estados Unidos?

Quanto vale a luta, a coragem, a determinação, daqueles que, ao longo da história da maior empresa brasileira — condição que ultrapassa em muito, seu eventual valor de “mercado” — enfrentaram todas as ameaças à sua desnacionalização, incluindo a ignominiosa tentativa de alterar seu nome, retirando-lhe a condição de brasileira, mudando-o para “Petrobrax”, durante a tragédia privatista e “entreguista” dos anos 1990?

Quanto vale uma companhia presente em 17 países, que provou o seu valor, na descoberta e exploração de óleo e gás, dos campos do Oriente Médio ao Mar Cáspio, da costa africana às águas norte-americanas do Golfo do México?

Quanto vale uma empresa que reuniu à sua volta, no Brasil, uma das maiores estruturas do mundo em Pesquisa e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, trazendo para cá os principais laboratórios, fora de seus países de origem, de algumas das mais avançadas empresas do planeta?

Por que enquanto virou moda — nas redes sociais e fora da internet — mostrar desprezo, ódio e descrédito pela Petrobras, as mais importantes empresas mundiais de tecnologia seguem acreditando nela, e querem desenvolver e desbravar, junto com a maior empresa brasileira, as novas fronteiras da tecnologia de exploração de óleo e gás em águas profundas?

Por que em novembro de 2014, há apenas pouco mais de três meses, portanto, a General Electric inaugurou, no Rio de Janeiro, com um investimento de 1 bilhão de reais, o seu Centro Global de Inovação, junto a outras empresas que já trouxeram seus principais laboratórios para perto da Petrobras, como a BG, a Schlumberger, a Halliburton, a FMC, a Siemens, a Baker Hughes, a Tenaris Confab, a EMC2 a V&M e a Statoil?

Quanto vale o fato de a Petrobras ser a maior empresa da América Latina, e a de maior lucro em 2013 — mais de 10 bilhões de dólares — enquanto a PEMEX mexicana, por exemplo, teve um prejuízo de mais de 12 bilhões de dólares no mesmo período?

Quanto vale o fato de a Petrobras ter ultrapassado, no terceiro trimestre de 2014, a Exonn norte-americana como a maior produtora de petróleo do mundo, entre as maiores companhias petrolíferas mundiais de capital aberto?

É preciso tomar cuidado com a desconstrução artificial, rasteira, e odiosa, da Petrobras e com a especulação com suas potenciais perdas no âmbito da corrupção, especulação esta que não é apenas econômica, mas também política.

A Petrobras teve um faturamento de 305 bilhões de reais em 2013, investe mais de 100 bilhões de reais por ano, opera uma frota de 326 navios, tem 35.000 quilômetros de dutos, mais de 17 bilhões de barris em reservas, 15 refinarias e 134 plataformas de produção de gás e de petróleo.

É óbvio que uma empresa de energia com essa dimensão e complexidade, que, além dessas áreas, atua também com termoeletricidade, biodiesel, fertilizantes e etanol, só poderia lançar em balanço eventuais prejuízos com o desvio de recursos por corrupção, à medida que esses desvios ou prejuízos fossem “quantificados” sem sombra de dúvida, para depois ser — como diz o “mercado” — “precificados”, um por um, e não por atacado, com números aleatórios, multiplicados até quase o infinito, como tem ocorrido até agora.

As cifras estratosféricas (de 10 a dezenas de bilhões de reais), que contrastam com o dinheiro efetivamente descoberto e desviado para o exterior até agora, e enchem a boca de “analistas”, ao falar dos prejuízos, sem citar fatos ou documentos que as justifiquem, lembram o caso do “Mensalão”.

Naquela época, adversários dos envolvidos cansaram-se de repetir, na imprensa e fora dela, ao longo de meses a fio, tratar-se a denúncia de Roberto Jefferson, depois de ter um apaniguado filmado roubando nos Correios, de o “maior escândalo da história da República”, bordão esse que voltou a ser utilizado maciçamente, agora, no caso da Petrobras.

Em dezembro de 2014, um estudo feito pelo instituto Avante Brasil, que, com certeza não defende a “situação”, levantou os 31 maiores escândalos de corrupção dos últimos 20 anos.

Nesse estudo, o “mensalão” — o nacional, não o “mineiro” — acabou ficando em décimo-oitavo lugar no ranking, tendo envolvido menos da metade dos recursos do “trensalão” tucano de São Paulo e uma parcela duzentas vezes menor que a cifra relacionada ao escândalo do Banestado, ocorrido durante o mandato de Fernando Henrique Cardoso, que, em primeiríssimo lugar, envolveu, segundo o levantamento, em valores atualizados, aproximadamente 60 bilhões de reais.

E ninguém, absolutamente ninguém, que dizia ser o mensalão o maior dos escândalos da história do Brasil, tomou a iniciativa de tocar, sequer, no tema — apesar do “doleiro” do caso Petrobras, Alberto Youssef, ser o mesmo do caso Banestado — até agora.

Os problemas derivados da queda da cotação do preço internacional do petróleo não são de responsabilidade da Petrobras e afetam igualmente suas principais concorrentes.

Eles advém da decisão tomada pela Arábia Saudita de tentar quebrar a indústria de extração de óleo de xisto nos Estados Unidos, aumentando a oferta saudita e diminuindo a cotação do produto no mercado global.

Como o petróleo extraído pela Petrobras destina-se à produção de combustíveis para o próprio mercado brasileiro, que deve aumentar com a entrada em produção de novas refinarias, como a Abreu e Lima; ou para a “troca” por petróleo de outra graduação, com outros países, a empresa deverá ser menos prejudicada por esse processo.

A produção de petróleo da companhia está aumentando, e também as descobertas, que já somam várias depois da eclosão do escândalo.

E, mesmo que houvesse prejuízo — e não há — na extração de petróleo do pré-sal, que já passa de 500.000 barris por dia, ainda assim valeria a pena para o país, pelo efeito multiplicador das atividades da empresa, que garante, com a política de conteúdo nacional mínimo, milhares de empregos qualificados na construção naval, na indústria de equipamentos, na siderurgia, na metalurgia, na tecnologia.

A Petrobras foi, é e será, com todos os seus problemas, um instrumento de fundamental importância estratégica para o desenvolvimento nacional, e especialmente para os estados onde tem maior atuação, como é o caso do Rio de Janeiro.

Em vez de acabar com ela, como muitos gostariam, o que o Brasil precisaria é ter duas, três, quatro, cinco Petrobras.

É necessário punir os ladrões que a assaltaram?
Ninguém duvida disso.
Mas é preciso lembrar, também, uma verdade cristalina.
A Petrobras não é apenas uma empresa.
Ela é uma Nação.
Um conceito.
Uma bandeira.

E por isso, seu valor é tão grande, incomensurável, insubstituível.

Esta é a crença que impulsiona os que a defendem.

E, sem dúvida alguma, também, a abjeta motivação que está por trás dos canalhas que pretendem destruí-la.