Ingressei no serviço público em
meados de 1992. Desde logo iniciei também a militância no movimento sindical.
Vivíamos um período de inflação galopante. A reposição salarial era semestral
devido à corrosão absurda do poder de compra dos trabalhadores.
A partir da edição da Lei de Responsabilidade
Fiscal, sempre ouvimos dos governantes que as impossibilidades de reposição da
inflação eram os limites impostos por ela.
A estagnação econômica do país e
o desemprego generalizado contribuíam em muito com a falta de receita das
administrações, principalmente as municipais. A centralização de impostos na
esfera federal ensejava a necessidade de um novo pacto federativo.
A partir de 2004, com a
recuperação econômica, a volta do emprego e do crescimento, as receitas públicas
obtiveram mais fôlego. Nos municípios a idéia de um novo pacto federativo
acabou sucumbindo a outras prioridades. Para nós, servidores, foi possível até
uma pequena recuperação das perdas de anos anteriores.
O momento atual exige uma
reflexão mais aprofundada. Com um crescimento menor, os reflexos nas
arrecadações ficaram mais evidentes já desde o ano de 2013. A dificuldade em
reajustar salários do governo Napoleão é a mesma do governo Décio Lima:
limitações da Lei de Responsabilidade Fiscal. O discurso é o mesmo. A situação
é a mesma. Não é possível culpar um sem culpar o outro, e vice-versa. Os
salários dos servidores, se reajustados à época, não poderiam ser pagos hoje. Aliás,
hoje a situação é um pouco melhor pois ainda é possível repor todo o INPC do
período.
Penso que a proposta de um novo
pacto federativo, descentralizando a arrecadação de impostos, deva voltar à
tona. Municípios e Estados, e por extensão os seus servidores precisam
incluí-la em suas bandeiras de luta.